Politicamente situo-me nos antípodas do Sr. presidente da república Cavaco Silva. Por isso estou à vontade para dizer que subscrevo inteiramente o seu discurso de 9 de Março, aquando da sua tomada de posse para novo mandato, embora o diagnóstico que ele fez sobre o estado da nação, não fosse propriamente uma novidade. Todos nós sabemos como vai este país. Assim como também sabemos quem tem culpas no cartório.
Apreciei as suas palavras em matéria de grandes construções. Eu também sou contra o novo aeroporto e TGV. Ele acha e muito bem que o país se deve preocupar, por exemplo, com a urgente reabilitação urbana, porque um dia destes as casas vêm abaixo. Ele sabe que as cidades estão a cair e que a sua reabilitação vai gerar emprego a muita gente que está de braços caídos.
Mas o que mais apreciei foi quando o seu discurso fez referência às entradas para a administração pública, para que estas sejam feitas por mérito e não por filiação partidária. Gostei de o ouvir a falar deste cancro que afecta negativamente a nossa sociedade. O que já não apreciei foram os aplausos logo em cima, dos deputados que vieram das bancadas do PSD e do PP.
E aplaudiram porquê? Acharam bem esta denúncia presidencial? Será que estão contra os “Jobs for the boys”, fraseado inventado para denunciar o trabalho para os amigos, por parte do PS? Será que as “cunhas” só acontecem a quem tem o cartão cor de rosa?
Não é só no PS que há emprego para os amigos. Não faltam exemplos por este país fora. Por exemplo, na Câmara Municipal da minha aldeia, cujo executivo é composto pelo PSD e PP, só há trabalho para quem for desses partidos. É secretários e assessores por todo o lado, até o presidente da Juventude Social Democrata local, lá tem o seu gabinete.
Estou convencido que Cavaco Silva ao mandar o chá o fez foi para todos e não para alguns. O PSD e PP não podem sacudir a água do capote. Têm de usar um impermeável capaz de sacudir algumas bátegas mais ácidas, para que estas não se fiquem nos ombros da democracia.
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