domingo, 26 de junho de 2011

TOURADAS...


A RTP1 transmitiu esta semana uma tourada, na modalidade de “corrida à portuguesa”, directamente da praça de toiros do Campo Pequeno, no que apodou de “confronto de dinastias”, nada mais do que «Seis dinastias, Seis!», para lidarem outros tantos perigosos toiros. Pois…
A questão é que o chamado “espectáculo tauromáquico”não é uma coisa consensual na sociedade portuguesa, e muito menos na “aldeia global”. Basta ver o que se passa mesmo aqui ao lado, onde o parlamento da Catalunha aprovou a proibição das touradas, embora a lei só entre em vigor em 2012. Ou como, em Madrid, milhares de pessoas saíram à rua para protestar contra a declaração de que as “corridas” são, em Espanha, “um bem de Interesse Cultural”. Ou o protesto que integrou activistas nus, apenas cobertos por sangue falso e com bandarilhas «espetadas» nas costas.
Manifestações semelhantes têm ocorrido um pouco por todos os países, onde se realizam touradas. Tem sido também assim em Portugal, onde há já um partido político, o PAN, que faz da abolição da corrida de toiros, uma das suas bandeiras. E nem por isso, as cerca de 300 touradas que por cá se fazem anualmente, envolvendo cerca de 2.500 toiros, deixam de realizar-se.
Mas a televisão pública devia ser mais comedida. Não tenho dúvidas de que são muitos os telespectadores que apreciam «os toiros» e, por uma razão ou por outra, não podem ir vê-los à praça. Mas o serviço público de televisão, pago por todos nós, deve ter valores e critérios. E, á sua maneira, o tema é fracturante. A RTP devia dispensar-se destas transmissões. Até porque já não “estamos na praça da Primavera”. Mas…
Os “talk-show’s” matinais das três estações generalistas são uma espécie de praça, de feira de vaidades, em que tudo se compra e tudo se vende, no jogo efémero dos tão desejados “15 minutos de fama”. A “Querida Júlia”, então, é do melhor que há. Tem de tudo, desde a dinastia Malhoa, à inimaginável Margarida Meneses, a ex-presidente do finado “Clube das Virgens”, instituição que só tinha 33 membros, que a virgindade é um produto escasso.
Ora a jovem, que também publicou o livro “Sim, sou virgem!”, já não é tal. E foi ao programa contar como tinha perdido a virgindade com “um príncipe de olho azul”. Loira, com um peito novo, feito na cirurgia estética, Margarida é hoje “apenas amiga” do dito, pelo que continua à espera de um outro príncipe, desta vez o “encantado”. Por isso é que mandou gravar no anel que usa, a frase – “o verdadeiro amor, espera-me”. Delicioso.
Durou exactamente 15 minutos e 35 segundos. A Querida Júlia divertiu-se à grande e resolveu, ela própria, contar a sua “primeira vez” – “A minha primeira vez, fiquei convencida que tinha sido atropelada”. Ah! Grande Júlia. Só ela vale o programa.

Mário Contumélias
mrcntmls967@gmail.com


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