terça-feira, 13 de novembro de 2012

SÃO MARTINHO...


O que se passou no Domingo em Penafiel, foi de facto uma coisa do outro mundo. Eu tive que sair de casa, por causa de um amigo da tropa que veio ao S. Martinho e apercebi-me que este ano teria sido o maior S. Martinho de todos os tempos. Estava de facto muitíssima gente. É evidente que muito contribuiu o espectáculo musical que o Zeferino de Oliveira teve oportunidade de assistir de perto. Agora eu pergunto: foi positivo? e respondo: Foi, claro que foi. Aquela gente não gosta de outra coisa.
Mas fico a pensar que, aquela multidão merecia, não digo mais, mas melhor. Acho que a alegria contagiante daquela gente deveria ser sublinhada com uma música de melhor qualidade. Há muita música alegre, com outro som, com outra letra capaz de arrastar multidões. Penso, sem pretender passar um atestado de ignorância a quem quer que seja, aquilo musicalmente foi rasca de mais. Aliás todos os domingos a TVI proporciona este tipo de espectáculo para pessoas que estão perfeitamente enquadradas neste sistema de entretenimento mais básico.
Lobo Antunes, quando aqui esteve disse que um povo culto é incómodo para o poder político. E é isso que as autarquias sabem fazer melhor: manter o povo acantonado no seu pequeno espaço cultural.   Dão ao povo aquilo que ele mais gosta. Seja lá o que isso for. 
Uma vez António Vitorino de Almeida disse que se aprende a gostar de outro tipo de música. Mas como é isso possível se quem tem responsabilidades políticas, se quem tem poder nessa matéria não lhas oferece? 
Em termos de cultura musical, Portugal está muito pior que no tempo do "botas". Era o nacional cançonetismo, mas tinha laivos de qualidade que actualmente está arredia das massas populares. Assim o nosso país continua a dar passos em direcção a um obscurantismo cultural que muita gente gosta, e a outra gente convém. Penafiel de vez em quando orgulha-se pelos piores motivos. Gostaria que assim não fosse...  

1 comentário:

  1. A palavra "pimba", representa muito mais do que apenas uma vertente musical. Pimba é um estado, uma forma de estar, uma forma de conviver, uma forma de relação com os outros e com a sociedade. Este estado de alma, sempre existiu e sempre há-de existir. Mas porque se reconhece que é um estado de quase bovinidade, não deve ser promovido, aceita-se mas lamenta-se. Um poder(autárquico) que promove este estado pimba, é já ele mesmo pimba. E este é o verdadeiro problema. Quando as elites sociais se movem pelos valores mais baixos da sociedade. Tudo tem consequências. Penafiel vai pagar caro no médio prazo esta opção pela construção de uma sociedade com a marca pimba. No final destes 12 anos o pungente slogan "sentir Penafiel" está substituído pelo slogan "Pimba Penafiel"

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