PORQUE HOJE FOI DOMINGO...
Hoje foi domingo. Amanhã já não é domingo. É um dia que virá sorrateiro incomodar os mais incautos, porque estes não se lembraram que todo o domingo tem um fim. Contra ventos e marés. Contra chuvas acaloradas, que não refrescam coisa que preste, eis o dia seguinte a um domingo que nem se deu por ele. O sol anda por aí a desmaiar por cantos e recantos, esquecendo o lado escuro de praças e avenidas, clamando uma lata de coca cola vazia a rolar no empredrado, deixando no ar um som metálico que enfurece os ouvidos de quem passa, mesmo que não passe. Porque há gente que pensa que passa, mas não passa, por obra e graça de ventos de ocasião. Ventos que não levantam nada, nem obras, nem ideias. São ventos inventados, não são naturais. São ventos de quadrantes descoloridos, apáticos, moribundos, quase rastejantes.
Mas o domingo pode ser de facto domingo, não basta que haja sábado ou uma segunda qualquer. Só é preciso uma gaveta para guardar o calendário durante o fim de semana...
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