"Mais um grande sucesso".
Quem o disse foi o Sr. vereador Antonino de Sousa a um jornal de Paredes. Jornal onde eu escrevia e muito por causa dele deixei de escrever. Não, claro que não me esqueço, Dr. Antonino de Sousa.
Mas vamos ao que me trouxe aqui: a frase “Mais um grande sucesso”, relacionada com a Agrival.
Todos os anos é a mesma história: um sucesso. Mas se a Agrival não fosse um sucesso, era na mesma um grande sucesso, fosse qual fosse o número de visitantes e expositores. A Agrival é sempre um sucesso e haja quem diga o contrário.
Mas eu podia dizer que a Agrival foi um fracasso. Bastava colocar a fasquia nos 200 mil visitantes e esperar para ver. Se esse número não fosse atingido, aquela festa não passava de um fiasco. Isto é mesmo assim. Alguém me sabe dizer o tamanho do sucesso? Podem alvitrar que o sucesso está onde não couber mais nada, quando alguma coisa dá lucro, quando se esperava menos e afinal foi mais.
Eu só sei que o sucesso na boca dos seus organizadores é suspeito. Era o que faltava dizer que a Agrival não tem correspondido às expectativas nela depositadas. Era o que faltava dizer mal do que é meu. Tudo na maior. Todos os anos a Agrival é um sucesso.
Não sou um apaixonado pela Agrival. Este ano nem lá pus os pés, nem as mãos nem coisa nenhuma. Não vejo lá nada que me interesse. 90 por cento da animação musical, não presta, é foleira, é pirosa é sempre mais do mesmo, tirando raríssimas excepções, como já foi o caso há anos das presenças do Vitorino, da Ronda dos Quatro Caminhos e pouco mais. Não vou lá para comer e beber, não vou pela música, e depois a confusão é medonha. Não faz o meu género. Sou adepto de outras calmarias. Mas a minha não adesão à Agrival não é só de agora, já vem de longe. Não sou consumidor desse produto, não sou militante desse partido.
Pode de facto a Agrival ter uma afluência de “grande sucesso” como diz Antonino de Sousa. E isso deve-se de facto a dois motivos que arrastam multidões: Comes e bebes e música pimba, que é aquilo que o povão mais gosta. Tomemos como exemplo, o S. Martinho que cresceu de popularidade e afluência de forasteiros, tudo porque há vinho à borla, e onde houver boa pinga há gente até mais não. Alberto Santos e Adolfo Amílcar são bons alfaiates, se calhar ainda melhores do que eu fui. Sabem muito bem as linhas com que se cosem.
Na minha opinião, a Agrival passou de uma feira para um parque de diversões. O seu paradigma mudou. Não digo para melhor, mudou para mais. E é isso que os responsáveis pela Feira pretendem todos os anos. Enchem a boca a dizer que o balanço positivo e superou todas as nossas expectativas. Na minha opinião a Agrival vale pela quantidade e não prima pela qualidade.
Claro que eu não posso dizer que a Agrival não é um sucesso. Nem sou tão treteiro ao ponto de o afirmar e depois não sei onde foi colocada a fasquia, para aquilatar se aquilo é um êxito ou não.
O Dr. Antonino de Sousa é que é suspeito ao dizer o que disse. Todos (os organizadores e quase toda a classe política do concelho) são suspeitos para afirmar o êxito da Feira Agrícola. Agrícola que nunca o foi. Estou de acordo com Alberto Santos, quando há anos (para aí 14 ou 15, quando era vereador ou deputado municipal) disse que a Agrival estava desvirtuada, na medida em que se tinha transformado numa feira onde valia tudo. Hoje se calhar já não pensa assim. Lá vem outra vez o Camões: "mudam-se os tempos…"
A foto é de Napoleão Monteiro
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