segunda-feira, 22 de agosto de 2011

TEXTO RECUSADO...


                                                               
Normalmente leio os textos do Dr. Alfredo de Sousa no jornal “ O Penafidelense”. Exceptuando uma frase de um artigo publicado há tempos, em que dizia que o bairrismo era um sentimento pacóvio, estou mais ou menos de acordo com o pensamento do distinto cronista. Tenho pena que não fale mais de Penafiel, uma vez que este jornal é local/regional.
Hoje eu venho aqui para corroborar com o que disse no texto “Valha-nos o Dom Armando”, publicado em 21 de Julho, concretamente quando se pronuncia sobre a crise que se instalou em Portugal ao rebater afirmações do jornalista e escritor Baptista Bastos (BB)  contra o actual governo. Reagiu então Alfredo de Sousa: “É pena que BB, não seja mais completo e não diga aos leitores que o mal não nasceu com este governo mas que, existindo já, agravou-se com o governo anterior…”
Estou completamente de acordo com estas palavras “EXISTINDO JÁ”. Ao dizê-las,  Alfredo de Sousa concretiza melhor a realidade das coisas que fazem parte da história de Portugal mais recente.
De facto a crise não é de agora, já tem alguns anos, e quase tenho a certeza de que  Alfredo de Sousa estará de acordo com o que disse o professor Boaventura Sousa Santos numa entrevista ao “Jornal de Negócios” em 1 de Julho, ao recuar aos tempos de Cavaco Silva, enquanto primeiro-ministro, classificando-o como o principal autor do actual problema financeiro português, indo ao encontro das palavras de Miguel Cadilhe seu ex-ministro das finanças quando o rotulou como o “pai do monstro”.
Com certeza que Alfredo de Sousa leu a dita entrevista, porque é um “viciado” em leitura. Por isso disse, e disse muito bem, que a crise já vem de trás. De facto, a crise já existia. Se calhar Alfredo de Sousa falou como falou, depois de ter focalizado a sua atenção num pequeno extracto da entrevista que o sociólogo de Coimbra deu à jornalista Anabela Mota Ribeiro, que passo a transcrever: 
“O Presidente da República é o grande responsável histórico disto. Não tenho medo de o dizer: é o homem que mais mal fez a Portugal. Pela forma como geriu os fundos. É do tempo de Cavaco o abate dos nossos barcos, da frota de pesca. É do tempo de Cavaco dizerem aos nossos agricultores: “ não agricultem, arranquem as vinhas e as oliveiras e pagaremos por isso”. Cometeu um outro estrago que na minha opinião foi um crime: quando vieram os fundos destinados à formação profissional. Foram muitíssimos fundos. Lutávamos para que fossem geridos pelas universidades técnicas. Cavaco Silva, que tinha um contencioso com as universidades, decidiu que seriam os Centros de Formação a fazê-lo. E foi a mais completa , a mais secreta, a mais profunda, a mais prejudicial corrupção que alguma vez houve em Portugal. Criaram cursos fantasma, para dar formação fantasma, que não permitiria a requalificação da nossa mão de obra…”
Pode-se dizer que estas palavras se tratam de uma mera opinião de Boaventura Sousa Santos. Mas vamos ser intelectualmente honestos para dizer que a sua opinião, não é uma opinião qualquer. O Dr. Alfredo de Sousa conhece muito bem o autor de “Pela Mão de Alice”, por isso nunca poderia estar de acordo com os ataques desferidos ao actual governo pelo autor de “Um Homem Parado no Inverno”.
Falou bem o Dr. Alfredo de Sousa, embora eu ache que exagerou um pouco quando disse que o governo de Sócrates pôs este país na penúria. José Sócrates podia de facto ter feito algumas coisas erradas, mas não esquecerei nunca, que a ele se deve a eliminação em 2005, de um “crime” que foi praticado pelo bloco central (PS e PSD) em 1985, quando foram criados, a subvenção vitalícia e subsídio de reintegração, regalias que passaram a ser atribuídas aos políticos que estivessem nestas funções, primeiro oito e depois doze anos. Regalias contranatura que durante 20 anos serviram para engordar políticos e emagrecer  o erário público. Como se sabe, uma subvenção vitalícia é um vencimento extra para políticos e para toda a vida
Boaventura Sousa Santos até podia ter ido mais longe nas suas considerações se se tivesse lembrado dos milhões que Cavaco Silva deu de mão beijada à função pública, sem que esta tivesse tido um milímetro de merecimento. Tenho amigos professores que no tempo da retoma e do oásis, diziam, esfregando as mãos de contentamento: “chove dinheiro na minha conta”.
Portanto fico satisfeito por o Dr. Alfredo de Sousa ter colocado os pontos nos is ao autor de “Elegia para um Caixão Vazio”, Baptista Bastos, que apesar de tudo, continua a ser um nome grande das letras deste país.

Este texto de opinião foi liminarmente recusado pela direcção do jornal "O Penafidelense", a exemplo de outros que viram o mesmo destino. 
Assim vai a imprensa de Penafiel...

1 comentário:

  1. Meu grande amigo, eu pensei que o lápis azul tido ido com o "tio Tónio"de Santa Comba.
    Mas afinal anda por aí, até na nossa Linda Penafiel, fico triste não com os políticos, mas com certa imprensa da minha terra.
    Triste jornalismo esse de "O Penafidelense".

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