terça-feira, 16 de agosto de 2011

NOCTURNOS...


Já escureceu o suficiente para eu me esconder do mundo. O luar seguiu as minhas pisadas, foi clarear outras latitudes, tão remotas como estas em que eu habito, vegeto, sentindo-me invulgarmente remetido para paragens onde o autocarro não pára. Parado, escuto e olho. Não oiço nem vejo um rosto que me deve, que tem uma dívida para comigo, que nem o vento consegue pagar.
Esse rosto tem uma marca que devora os meus pensamentos, os meus passos, as minhas atitudes, as minhas atenções e distracções. É uma espécie de papel manchado por um poema ainda mal começado, mas que já vai dando sinais da mensagem que pretende insinuar. Pressente-se o rosto, mas não é palpável, não é visível. Sente-se o seu bafo de inverno precoce. Sente-se a sua quentura de um verão repousado em setembros infindáveis. Não tenho esse rosto que procuro. Não tenho esse poema por acabar. Não tenho ventos. E eu para aqui submetido a um espaço que só cabe uma partitura acabada de compor.
No escuro, vejo o suficiente para saber que o teu rosto está por encontrar. Espero melhores noites, porque isto dos dias, não há espuma que chegue para os desmaiar...

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