sábado, 17 de março de 2012

FALAR DE PENAFIEL...

Aguarela de F. Beçamor de 1998 (clicar na imagem para aumentar)

Estive há pouco a ler o artigo de opinião de autoria de Antonino de Sousa no pasquim de Paredes "Verdadeiro Olhar". Habitualmente o Sr. Vereador da Câmara Municipal de Penafiel, não opina coisa nenhuma. Ele relata, noticia, conta como foi. 
Ora esta sua última intervenção foi para falar do que se passou nas recentes comemorações do 3 de Março, (nome do melhor jornal que Penafiel já teve nos últimos tempos). Estou a brincar!...
Ele diz que Arrifana de Sousa foi elevada à categoria de cidade de Penafiel. Disse mas não devia dizer. Não está bem. Esta frase não faz sentido. Arrifana de Sousa nunca foi elevada a categoria de cidade. Claro que não. Nem Penafiel o foi. Nem Penafiel foi vila para ser elevada à categoria que hoje tem. A vila de Arrifana de Sousa "morreu", no dia em que "nasceu" a cidade de Penafiel. Foi ou não foi assim? Claro que foi.  Será um preciosismo da minha parte, mas esta é a verdade. Quando se voltar a falar nas comemorações do 3 de Março, deve dizer-se  pura e simplesmente que "hoje estamos aqui a comemorar os 243 anos da cidade de Penafiel". Mais nada. É assim tão difícil?
Depois o Dr. Antonino vem com uma frase de antanho: "Penafiel é a segunda cidade do distrito do Porto". Esta frase, meu deus, já cheira a mofo que tolhe. Já fede por todas as letras. Já a ouço desde a minha escola primária. O ensino salazarento  em Penafiel martelou esta frase na cabeça dos alunos de tal maneira que nunca mais nos esquecemos de tão grande "desiderato". Era muito importante nós sabermos isso. Não seria mais  importante saber, por exemplo, como nasceu a segunda cidade do distrito do Porto? Isso não nos ensinaram. Não interessava. Ou se calhar os profes da altura também não sabiam.
Meu caro Dr. Antonino de Sousa, esta frase nem ontem, nem hoje, teve, ou tem, substância alguma. Essa lenga-lenga já passou. Isso era antigamente. Era apenas uma manifestação de fervoroso bairrismo, filho legítimo de um patriotismo bacoco que se respirava na altura. E depois, Penafiel era de facto a segunda cidade mais antiga do nosso distrito, mas em que lugar estava, já na altura, no que diz respeito ao desenvolvimento, comparando  por exemplo, com vilas como: Póvoa de Varzim, Maia, Vila do Conde, Matosinhos, Vila Nova de Gaia, entre outras, que nos "comeram as papas na cabeça"? 
Já há muitos anos que essa frase morreu. Não faz sentido andar constantemente a falar dela. É verdadeira, mas não passa disso. Faz lembrar quando se dizia ainda há poucos anos, que  Penafiel era a Capital do Vale do Sousa. Qual capital, qual carapuça. Devia ser de facto a cidade mais importante desta zona, mas nunca foi capital de coisa alguma. Esta mania das competições...
Penafiel vale o que vale. Para mim vale muito, porque é a minha terra. E ser bairrista não fica mal a ninguém. Só que ser bairrista é gostar desta terra por todos os motivos e não pelos títulos que ela possa ou não ostentar. Ser bairrista é também criticar,  opinar, dizer por exemplo se se gosta ou não da regeneração urbana que está a decorrer em Penafiel. Ser bairrista é ser penafidelense de corpo inteiro. Que me interessa a mim saber se Penafiel foi a primeira cidade do país a receber bandeiras da mobilidade, ou certificados de qualidade disto ou daquilo? Não interessa para nada.
Mas atenção, já interessa e muito, já é diferente saber que Penafiel foi galardoada com o prémio de melhor Museu de Portugal. É de facto um título que faz bem à alma dos penafidelenses. Que fique claro...

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