terça-feira, 6 de março de 2012

O LIVRO MANETA...


A foto não é famosa. Foi retirada do jornal "Imediato". Mostra Alfredo de Sousa a autografar um livro que é composto por poemas de poetas penafidelenses... já falecidos. 
Já há muitos anos que eu venho falando da necessidade da realização ou da criação de uma colectânea de poetas e escritores de Penafiel, mas também vivos. 
Pode ter havido boa vontade por parte da "família social democrata", mais conhecida por Adiscrep em ter-se lembrado da compilação de poemas de alguns poetas penafidelenses que já não estão com nós. Mas, só falecidos porquê? Quem se lembrou de tamanha pequenez? Se se perguntar a um poeta vivo de Penafiel, se gostaria de fazer parte deste livro, a resposta poderá sair rápida e explícita: "porra, vade retro Satanás" batendo na mesa de madeira com os nós dos dedos.
Depois este trabalho, está ferido na sua credibilidade porque não houve da parte de quem o fez um trabalho de casa sério. Creio que foram dez os poetas escolhidos. Foram os mais famosos, os mais conhecidos.  Por isso é um livro manco. É o retrato de quem o criou. A puxar para a intelectualidade. 
Eu admito omissões,  falhas, esquecimentos na feitura de um trabalho como este. A questão coloca-se sempre: porque razão este poeta foi incluído e aquele não? Mas aqui não cabe o critério adoptado. Aqui houve uma grande falta de seriedade cultural. 
Eu traria aqui nomes de poetas que foram colocados à margem desta obra. Mas não vale a pena. Não são eruditos. São mais populares e Alfredo de Sousa não é popular, pensa que é culto. Por isso é que eu digo que este trabalho só podia ter a marca deste cidadão gaiense...

Já agora aqui fica um soneto de um poeta penafidelense já falecido:

Eu sou ignaro e mísero campónio
Sem instrução, nem coisa que o valha:
Se a vida, cada qual, é como calha
A mim calhou viver como lapónio.

O santo do meu nome é Santo António
Não sou um menestrel, que o estro falha,
Para espalhar tal glória, como espalha
O perfume da flor, leve favónio.

Por amor da beleza e da fartura,
É sempre a trabalhar; fura que fura
E a vida vou passando sem prazer.

E para não gramar maior codilho
Vou fugindo às paixões que dão sarilho
e podem estorvar a bem morrer!

António Leitão
de Castelões de Recesinhos

Assim de repente lembrei-me de alguns poetas penafidelenses que já partiram: Simão Rodrigues Ferreira, Gonçalo Alves, Luís de Chatillon, David Vasconcelos, Manuel Ferreira Coelho, Fernando Queirós, Arlindo Pinto, Ana Elisa do Couto, José Coelho Babo, Ana Lopes Vieira...que não fazem parte do livro, que assim ficou maneta...

Sem comentários:

Enviar um comentário