sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A VIDA E OBRA DE CAVACO SILVA (6)


Para terminar esta resenha da vida e obra de Cavaco Silva, aqui se vão deixar mais alguns pequenos apontamentos sobre este grande estadista.

Em 1994, na crise da empresa vidreira Manuel Pereira Roldão, a Marinha Grande assistiu àquela que foi, sem dúvida, a mais grave das situações vividas quando do seu encerramento.

Foram muitos dias de luta, muitos confrontos com a polícia de choque. Em consequência da última intervenção da polícia de choque gerou-se uma enorme onda de solidariedade que abrangeu, não será exagero dizer, toda a população da Marinha Grande, com os comerciantes a fecharem as portas dos seus estabelecimentos; os trabalhadores a paralisarem o trabalho e a virem para a rua protestar.

Nessa carga policial ninguém foi poupado: invasão do Quartel dos Bombeiros Voluntários em perseguição dos populares que lá se refugiaram, bem como a igreja da Marinha Grande, até o Sr. Padre foi agredido. Alguns dias antes já tinha havido uma carga policial, na altura com invasão da Câmara Municipal.
O canal de televisão SIC fez um documentário sobre esta luta e há algum tempo atrás, no programa Perdidos e Achados voltou a passá-lo em horário nobre, para que a memória se mantenha.

Quem não se lembra do célebre "Factor VIII"? Em Fevereiro de 1987, era Cavaco Silva o primeiro-ministro, quando deu entrada em Portugal de uma quantidade de sangue contaminado para a hemodiálise de hemofílicos. Leonor Beleza era então a ministra da saúde coadjuvada por sua mãe neste mesmo ministério. Morreram 23 hemofílicos. Houve crime por negligência, mas nunca ninguém foi responsabilizado.

Quem esquece a carga policial sobre outros polícias, em 21 de Abril de 1989, os "Secos e Molhados"?  Imagens degradantes, que correram mundo. Polícias contra polícias. Inacreditável!

Não devemos esquecer os incidentes da Ponte 25 de Abril, em 24 de Junho de 1994, em que um cidadão ficou tetraplégico, motivado por uma bala da polícia de choque comandada por esse grande senhor do BPN, Dias Loureiro.

Mas outras cargas se seguiram, no tempo de Cavaco e Loureiro. Uma sobre os trabalhadores da TAP e outra sobre os estudantes do ensino superior. Bater em tudo o que mexia era o lema de Dias Loureiro na “quinta” de Cavaco Silva.

Em finais da “ditadura” cavaquista, este país, dizia ele, circulava no "pelotão da frente". E tinha razão. Nos quinze países da União Europeia, Portugal ia de facto à frente de todos os outros nos seguintes indicadores de “desenvolvimento”: sida, tuberculose, analfabetismo, concentração de população nas três grandes cidades, mortalidade infantil, sinistralidade nas estradas, com o consequente recorde de mortos.

Foi este homem que 23 por cento dos portugueses, escolheram no dia 23 de Janeiro.

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