quarta-feira, 23 de maio de 2012

TALVEZ POEMA...


As minhas ruas estão cheias de pedra. Não paro para as escutar. Uma ligeira brisa leva para bem longe o cinzento que elas exalam. Fico estarrecido, combalido, desvalido, por ver tanta vontade de expor pedaços de constrangimento na minha cidade. Pobre dela, pobres de nós que para aqui andamos ao sabor do querer, do poder, da autoridade de almas exaltantes, que tudo querem, apenas para exaltar as suas vaidades, as suas estranhas formas de conceber ruas, avenidas, largos, cantos e esquinas...
Não há fado que as cante. Não há poema que as glorifique. Não há pintura que lhes dê as cores naturais, suas, minhas, nossas, de todos...
A minha cidade parece que enriquece, mas empobrece no que tem de mais sagrado: a sua alma. E uma pessoa que não tem alma, é apenas uma pessoa. Não passa de uma pessoa, independente do que ela mostra à luz que aparentemente a envolve. A minha cidade, não deixa de ser cidade. É apenas uma cidade, uma vontade de alguns que pensam que sabem, mas não sabem. Apenas mandam mais que eu, que nós. Apenas mandam mais que nós. E assim ficamos sós. Muito sós...

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