terça-feira, 8 de maio de 2012

VENTOS DE PARIS...

               
 As eleições correram de feição. Outros ventos passarão a soprar do lado de lá dos Pirinéus. Da Praça da Bastilha chegaram os resultados da derrota de Sarkozy e da vitória prevista de François Hollande. Com esta reviravolta nas presidenciais no país do "galo", é legítimo pensar que a nossa sorte também mude, e por cá se passe a anunciar as auroras com outro canto. Porém as notícias da Grécia não são tão animadores e não o serão tão cedo, pois os helénicos vão permanecer no saco de gatos em que andam enfiados, desde que Homero se foi, e a odisseia montou bivaque, tal como a nossa, agravada e herdada do nosso Sócrates, que rumou, não a tróia mas a paris, não em navio mas em vôo confortável e com intenção filosófica. Será que com a chegada ao Poder do socialista, homónimo do cantautor brasileiro, podemos "estar em festa pá"? Será que a troika vai ser mandada regressar ao quartel, assim como as agências de notação? Será que Merkel vai resignar-se a ficar no bunker ou no seu bundestag, sem poder impor as regras que mais lhe convém, como lhe foi consentido fazer durante a existência do composto "merkelozy"? Não! O que vamos assistir, é a mais do mesmo. Hollande, no imediato, partirá para a Alemanha em busca de "entendimento" com a fuhrer. De seguida e já de visita aos EE.UU, prestará lealdade a Obama, onde depositará promessas de cumprimento dos acordos estratégicos firmados. Então aonde encontramos nós por cá, a esperança, agora renovada pela vitória do socialista, em França? Se os buracos das dívidas públicas, soberanas, não aparecerem, se as retaliações dos mercados financeiros não começarem a caír sobre Hollande e o seu programa, talvez possamos respirar melhor em toda a europa depauperada, e com outro ânimo enfrentar a rude actualidade de crise e de austeridade severa. Para isso, ele terá que se impor como um grande líder europeu, capaz de criar uma corrente política de confiança, arrojada, que nos arranque da ideologia dominante que nos governa hoje, e que só nos tem empobrecido, o que se consegue com, trabalho, mais emprego, ensino prestigiado, aumento de produção, para que as economias dos países europeus saiam, elas e nós, da bancarrota que nos consome até ao tutano. Será que ele é homem e presidente para tudo isto? Se assim for, será possível resgatar as democracias, e salvá-las das ameaças externas e internas que sobre elas pendem.

Joaquim A. Moura - Penafiel
publicado no jornal "Público"
de 08/05/2012

Sem comentários:

Enviar um comentário