As eleições correram de
feição. Outros ventos passarão a soprar do lado de lá dos Pirinéus. Da Praça da
Bastilha chegaram os resultados da derrota de Sarkozy e da vitória prevista de
François Hollande. Com esta reviravolta nas presidenciais no país do
"galo", é legítimo pensar que a nossa sorte também mude, e por cá se
passe a anunciar as auroras com outro canto. Porém as notícias da Grécia não
são tão animadores e não o serão tão cedo, pois os helénicos vão permanecer no
saco de gatos em que andam enfiados, desde que Homero se foi, e a odisseia
montou bivaque, tal como a nossa, agravada e herdada do nosso Sócrates, que
rumou, não a tróia mas a paris, não em navio mas em vôo confortável e com
intenção filosófica. Será que com a chegada ao Poder do socialista, homónimo do
cantautor brasileiro, podemos "estar em festa pá"? Será que a troika
vai ser mandada regressar ao quartel, assim como as agências de notação? Será
que Merkel vai resignar-se a ficar no bunker ou no seu bundestag, sem poder
impor as regras que mais lhe convém, como lhe foi consentido fazer durante a
existência do composto "merkelozy"? Não! O que vamos assistir, é a
mais do mesmo. Hollande, no imediato, partirá para a Alemanha em busca de
"entendimento" com a fuhrer. De seguida e já de visita aos EE.UU,
prestará lealdade a Obama, onde depositará promessas de cumprimento dos acordos
estratégicos firmados. Então aonde encontramos nós por cá, a esperança, agora
renovada pela vitória do socialista, em França? Se os buracos das dívidas
públicas, soberanas, não aparecerem, se as retaliações dos mercados financeiros
não começarem a caír sobre Hollande e o seu programa, talvez possamos respirar
melhor em toda a europa depauperada, e com outro ânimo enfrentar a rude
actualidade de crise e de austeridade severa. Para isso, ele terá que se impor
como um grande líder europeu, capaz de criar uma corrente política de
confiança, arrojada, que nos arranque da ideologia dominante que nos governa hoje,
e que só nos tem empobrecido, o que se consegue com, trabalho, mais emprego,
ensino prestigiado, aumento de produção, para que as economias dos países
europeus saiam, elas e nós, da bancarrota que nos consome até ao tutano. Será
que ele é homem e presidente para tudo isto? Se assim for, será possível
resgatar as democracias, e salvá-las das ameaças externas e internas que sobre
elas pendem.
Joaquim A. Moura - Penafiel
publicado no jornal "Público"
de 08/05/2012
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