sexta-feira, 22 de junho de 2012

CORPUS CHRISTI...


Uma exposição de pintura levou-me mais uma vez à Biblioteca de Penafiel. Já que estou aqui -pensei - vou dar uma vista de olhos ao livro sobre o Corpo de Deus. Livro que foi apresentado no dia 3 de Março deste ano em que eu estive presente. 
Como é que um livro tão caro, com tão boa apresentação, tão bem ilustrado, seja maneta. Maneta ou manco, dá no mesmo. Pois é, este livro de um tal Sardinha, de Torres Vedras é bonito mas tem falhas inadmissíveis. Se este trabalho era suposto ser o resultado de uma pesquisa sobre as Danças Populares do Corpo de Deus, porque é que ficou incompleto? Fala de alguns Bailes que foram recuperados recentemente, como foi o caso dos Bailes das Floreiras (eu não tinha conhecimento deste) dos Pedreiros, dos Pretos, dos Pausinhos, bem haja quem se meteu nisso. Mas porque razão vem apenas um pequeno apontamento da letra do Baile dos Sapateiros, e ignora de todo os Bailes dos Alfaiates e das Regateiras. Será que o autor não teve acesso a estas letras, nem à música deste dois bailes? Porquê? Era difícil? Não, não era difícil e tanto não era difícil, que eu próprio tenho essa ditas letras e a composição desses Bailes que foram retirados de escritos de Abílio Miranda. Ou será que o autor não pesquisou o nosso grande mestre da etnografia? Pois foi isso. 
Mas a festa foi bonita pá. A cerimónia foi de encher o olho, o pior foi o resto. Aqui em Penafiel tem sido assim, faz-se coisas muito bonitas, mas ou são incompletas, incorrectas ou não são verdadeiras. Só a festa é que é grande. O resto fica pelo caminho.
É isto que me faz doer. Tantas peneiras, tantas palavras, tantos holofotes, tantas fotos, tantos sorrisos, tantos beijinhos, tantos abraços e depois vai-se ver o livro é nada de especial. Estive, vai não vai para dar 5 contos por uma "coisa" daquelas. Não dei. Parece que já adivinhava o fiasco que aquilo é...

2 comentários:

  1. Não comparti-lho que a recuperação do Baile dos Pretos, fosse boa ideia. O Baile foi criado numa época colonial, e não é por acaso que a sua letra seja de um racismo patente. Começa logo pelo nome O BAILE DOS PRETOS. Se o meu amigo Beça fosse africano e viesse a Penafiel ao Corpo de Deus e ouvisse: Trabalhai pretos cachorros.... o que diria da sua justiça?
    E não me venham com a treta que se deve manter a tradição, pois qualquer dia ainda temos a escravatura, só porque era tradição.
    F. Oliveira

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  2. Eu peço desculpa ao meu amigo Fernando Oliveira, por ter incluído o baile dos Pretos no bem haja a quem recuperou certos Bailes. De facto este Baile dos Pretos já não se justifica de modo nenhum. Aliás a palavra tradição mete-me medo, muito medo.
    Por isso tem toda a razão...

    Um abraço
    Beça Moreira

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