PORTUGAL...
Ganhamos o Euro e ainda agora vai começar: de acordo com as notícias divulgadas nos últimos dias, a selecção portuguesa vai gastar 33 mil euros por dia no hotel e é, desde já, a mais cara do torneio na matéria. Na cauda, está a Espanha - campeã da Europa e do Mundo, note-se - que escolheu um modesto hotel de três estrelas, onde a diária não custa mais de 4700 euros. Já li por aí umas explicações estapafúrdias sobre a coisa - que se aproveitou o dinheiro do prémio da UEFA pela qualificação e que ainda vamos embolsar em impostos, etc e tal (Humberto Coelho dixit). Para o caso, o que interessa é a megalomania da coisa, convenhamos. E a imagem que se dá. Apetece-me pegar numa frase da moda e dizer que, aqui sim, «vivemos acima das nossas possibilidades». O português deve ser mesmo isto e, no caso, conta sempre com a escrita de empurrão. O meu amigo João Nuno Coelho publicou em livro, há uns anos -.Portugal, a Equipa de Todos Nós - Nacionalismo, Futebol e Media - uma investigação interessantíssima, que nos ajuda a perceber, através da Imprensa, como passamos rapidamente da euforia à depressão em matéria de selecção. Somos isto, nada a fazer. Por agora, o Portugal que subirá aos relvados do Euro parece capaz de tudo, até de convencer a troika a dar-nos um prazo mais alargado de pagamento (para isso, terão de fechar os olhinhos ao preço da diária do hotel, claro). Mas ao primeiro deslize será fácil ler que o destino ou o nosso próprio fado conspiram contra os nossos sonhos. E como ainda há gente que acha que isto vai a jogar, imagine-se o resto. Dito isto, confesso: nas actuais circunstâncias, eu até gostava de ver uma final Portugal-Grécia. Sei bem a mensagem que o futebol pode ajudar a passar aos senhores da Europa, mesmo que eles digam que não. Seria uma forma de resgatar para a dignidade nacional para os resgatados do Sul. Ainda que de chuteiras.
In Devida Comédia
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