Regeneração quer dizer
regenerar. Regenerar quer dizer reabilitar, reorganizar, restaurar, melhorar.
Levado à letra é assim. Na prática nem assim nem assado. Pelo menos em
Penafiel, o acto de regenerar, configura-se num acto de mudar. E mudar é
diferente de restaurar, de melhorar, de recuperar.
Penafiel assiste hoje não a
uma regeneração, mas a uma revolução da sua imagem. Desde o início que digo que
esta regeneração tem pontos positivos e negativos. Mas os pontos negativos são
bem maiores que os positivos. E não é com
pontos negativos que se ganham campeonatos.
Penafiel necessitava de facto
de uma regeneração. Mas não esta que está a decorrer. Penafiel precisava de
melhorar a sua mobilidade fazendo da sua cidade uma cidade para todos, uma
cidade mais inclusiva. Necessitava de justificar umas quantas bandeiras que foi
recebendo adiantadamente. Penafiel
precisava de recuperar a sua zona histórica que se está a degradar a cada dia
que passa. Penafiel necessitava de
algumas correcções e não de algumas surrealistas invenções. A construção de
pontes, estações, quiosques, postos de turismo, constrangimentos das ruas, são
páginas de vaidade que Penafiel não necessitava de ver acrescentadas no
seu livro de história. Mas o maior crime
que está a ser perpetrado na cidade é a substituição da calçada portuguesa por
blocos de cinzento granito nos passeios. Isto são obras de destruição maciça,
engendradas num laboratório de ideias, que Penafiel se tornou. Parece que
Penafiel está a servir de cobaia, por mãos que não sabem e não têm a mínima
ideia do que é ser cidadão de Penafiel. Não é este o rosto da nossa gente.
Ninguém tem o direito de
estragar o que está bem feito. Penafiel está a ser bombardeada por bombas de
granito. E os estragos estão à vista. Há
quem se esfarrape todo justificando que assim estamos a dar emprego a muita
gente e a contribuir para a manutenção de algumas empresas da indústria de
extracção. Argumento que só convence os distraídos com bola e telenovelas.
Porque nessa ordem de ideias, se é para manter postos de trabalho ou tirar
pessoas do desemprego, porque razão não constroem um Cine Teatro de
Penafiel? Porque não constroem um bom
Lar de Idosos, já que para entrar para o lar da Santa casa de Misericórdia era
preciso ser rico. (eu disse, era, porque com a nova direcção quero acreditar
que algo esteja mudar). Porque não constroem um novo cemitério, já que o actual
está a rebentar pelas costuras? Porque não constroem uma galeria de arte, já
que as exposições temporárias que têm acontecido em Penafiel, são feitas em
locais impróprios. Porque não recuperam o casario envelhecido que, ao mais
pequeno sopro pode vir tudo abaixo? As Ruas Direita e do Carmo, por exemplo,
depois das obras concluídas, vão assemelhar-se a corredores lindamente
alcatifados, mas com as paredes a deixar
entrar o sol pelas friestas.
Argumentos falaciosos, são o
que são.
Como são falaciosos os
argumentos de que os oito milhões de euros que vieram dos fundos
comunitários, só devem ser usados nas
obras que se estão a fazer. Ora muito obrigados pela informação. Toda a gente
sabe que é assim. Então se a Câmara se candidatou aos fundos para determinado
fim e o fim é este que está à vista, para onde queriam que o dinheiro fosse?
Para fazer uma regeneração
urbana digna desse nome não era necessário recorrer a tantos milhões
europeus. É que os oito milhões que
estão a voar nesta história também vêm
dos bolsos dos contribuintes. De onde é que pensam que o “graveto” vem?
É muito dinheiro muito mal
gasto. Sabendo nós, portugueses e europeus que há milhões de cidadãos que não
têm propriamente o rendimento de um tal Mexia.
Penafiel merecia melhor
sorte....
Para terminar, tiro o meu
chapéu, ao edifício que foi construído no local do antigo cinema. Ficou igual
ao antigo Cine-Teatro S. Martinho. Respeitaram a traça anterior. Está bonito. É
pena não incluir uma sala de espectáculos, de que Penafiel carece há vinte e
cinco anos.
Sabem porque razão este
edifício ficou espectacular? Porque não tem o dedo do executivo camarário
penafidelense. Basta olhar para o antigo Magistério...
P.S. Os passeios que a foto dos anos cinquenta do Antony documenta, são incomparavelmente mais bonitos e muito mais equilibrados em termos de largura, que os actuais, que são apenas miseráveis. E são feitos de simples e barato cimento...
Já agora uma outra curiosidade: a pessoa do lado direito é o meu amigo e poeta Afonso Leal. Não parece, mas é...
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