Eu queria voltar atrás. Vou voltar ao dia da apresentação cheia de pompa da "regeneração urbana". Foi na quarta feira, dia 14 deste mês de Setembro, num pequeno auditório, parte integrante do Museu Municipal de Penafiel, inaugurado na altura. Por sinal um bom auditório, diga-se em abono da verdade.
Do que eu quero falar é da intervenção do Sr. Presidente da Câmara Municipal, Dr. Alberto Santos.
Disse o Sr. presidente, que com esta regeneração, Penafiel vai receber mais gente, logo vai ser bom para o comércio tradicional. Eu pergunto: Alguém se convence que executadas estas obras, realizadas estas transformações citadinas, alguém, mais do que já tem vindo, virá comprar sapatos, camisolas, calças, camisas, arroz, massas, azeite ou lá o que quer que seja? Vamos assentar os pés na terra. O comércio está em crise e em Penafiel não foi pela falta de uma regeneração urbana que as pessoas deixaram de fazer mais compras. Era bom que assim fosse. O comércio está em crise, porque as pessoas estão a ser espoliadas dos seus recursos pelos "políticos de televisão", como disse há dias Medina Carreira.
O comércio não vai melhorar coisa nenhuma, com esta história da regeneração urbana. Não melhorou como previram, com a vinda da Bracalândia para o meio de um monte em Penafiel, e se calhar vai piorar com a instalação do tal Shooping de Novelas, se vier a ser construído. Oxalá que não, para bem da cidade de Penafiel. Sr. Dr. Alberto Santos não vá por aí. Porque é que diz o que sabe que não vai acontecer? Na quarta feira, naquele auditório, não estávamos propriamente num comício da coligação "Penafiel Quer". Não estávamos em campanha eleitoral. O futuro é negro para o comércio e não é só o de Penafiel, nem só o do nosso país. A pouca vergonha dos políticos está instalada por toda a Europa. Era bom que Penafiel fugisse à regra. Eu acredito em muita coisa mas não em milagres.
Também falou do Museu Municipal e voltou a evocar o nome de Pedro Guedes. O que é que o ex- dono da Aveleda tem a ver com o actual museu? Nada vezes nada. Quem sempre desejou de ter um museu foi Abílio Miranda. Aliás o que sempre fez na vida está naturalmente ligado a um "depósito" para as suas "pedras" e estudos. Trabalhou muito para justificar um museu. Esse sim.
Depois, o Dr. Alberto Santos, que exulta, que se envaidece, por ter este belo museu, não se deve esquecer que ele e o PSD, quando estavam na oposição no tempo de Justino do Fundo, Agostinho Gonçalves e Rui Silva sempre foram contra a construção do actual Museu Municipal. Não me interessa vir aqui dizer a quem se deve o Museu Municipal "Abílio Miranda". Não entro em politiquices.
Finalmente queria dizer algo sobre António Nobre. Na célebre quarta feira, lá veio outra vez o poeta do "Só". Esta terra passa a vida, e não é só de agora, a andar com este poeta ao colo. Torna-se excessivo estar sempre a falar de alguém que nasceu no Porto, viveu em Paris e morreu na Foz do Douro. Acho que todos os penafidelenses gostam de António Nobre, mas não se justifica tamanho deslumbramento. António Nobre, apenas porque tem poemas em que se refere a Penafiel e porque vinha até ao Seixo tentar debelar uma tuberculose que o atormentava, merece tudo e mais qualquer coisa, enquanto que nesta terra ainda não foi feita justiça aos poetas penafidelenses mortos ou vivos. Para quando uma verdadeira colectânea de poetas e escritores penafidelenses? Para quando?
Até já...
Foto de Napoleão Monteiro
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